segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Prazer da simplicidade

Qualquer prazer que fruímos sóbrios não é nada mais do que um tipo específico de entorpecimento.

Por exemplo: Não há sensação como a que sentimos quando uma brisa entra pela janela no momento em que degustamos algum bom livro. É um prazer genuíno e intenso: o prazer da simplicidade.

E falando em livros, eu indico (apesar de ainda não ter terminado de ler): John Lennon: A vida, de Philip Norman. Imprescindível... (Vide o post Shennon e Lotton de 30/08/10).

domingo, 12 de setembro de 2010

Um dos motivos...

...pelos quais o Corinthians tem mais dignidade do que certos adversários é que ele não usa aqueles calções com propaganda na bunda. Meu Deus, que isso não mude nunca.

Corinthiar

Torcer pelo Corinthians é algo tão diferente que merece um nome específico: torcer pelo Corinthians é “corinthiar”.

De posse do novo verbo, adapto uma velha máxima corinthiana: corinthiar é sofrer.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Corinthians, o time dos anarquistas: 100 anos de ódio e resistência (Mauro Carrara)

"Há exatos 100 anos, um grupo de operários do bairro do Bom Retiro, em São Paulo, praticaram um ato de 'desobediência civil'.
À luz de um lampião, na rua, os insurretos decidiram criar um time de futebol do povo e para o povo.
Atrevidos, decidiram que a nova agremiação não deveria se contentar com a várzea.
O plano era formar um esquadrão para enfrentar, de igual para igual, os clubes da fechada elite paulistana.
Ousados, já meteram a mão em foices para abrir uma cancha num terreno baldio, pertencente a um lenheiro do bairro.
E, no primeiro jogo, contra o União Lapa, saíram em passeata até o palco da contenda.
Mas como passeata? Passeata, sim senhor, porque essa gente era sobretudo anarquista, com a graça do bom Deus.
O primeiro presidente do clube, o ítalo-brasileiro Miguel Battaglia, por exemplo, tivera contanto com o anarcossindicalismo ao prestar serviços para a Light.
É dele a frase cândida, mas também desafiadora, que guia a nação alvinegra até hoje: 'Este é o time do povo, e é o povo que vai fazer o time'.
Essa turminha do barulho lia o jornal anarquista de Gigi Damiani, o La Battaglia, que exortava os trabalhadores a fundarem suas próprias escolas e agremiações esportivas.
O time dos anarquistas não tinha bagunça. Cada um sabia das suas atribuições. Cada um assumia uma responsabilidade, conforme o que se aprendera de Bakunin e Malatesta.
E assim se estruturou. Em 1913, os meninos bons de bola conquistam o direito de participar da divisão principal do futebol paulista.
Ao mesmo tempo, o Paulistano e a A. A. das Palmeiras (nada a ver com o atual Palmeiras), enojados do cheiro do povo, se retiraram da liga e resolveram disputar um torneio paralelo.
Começava ali uma história de ódio.
A imprensa questionava a presença de um time de iletrados no mundo do chiquérrimo futebol, um jogo inventando por lordes ingleses.
Quanta petulância!
E para acirrar ainda mais os ânimos, o time dos anarquistas admitia gente de todos os tipos.
Logo agregava os negros, os mulatos, os caboclos e outros filhos da terra.
Mais um pouco e atraía também os outros segregados, polacos, libaneses, alemães, sírios, japoneses e gregos, gente que somente se entendia na alegria de torcer pelo Corinthians.
Imaginem o escândalo: um time de anarquistas, pretos, imigrantes e boêmios invadindo as elegantes festas do Velódromo.
Se o Corinthians ainda existe é por conta da brava resistência ao preconceito.
Tudo lhe foi sempre negado ou dificultado.
A mídia paulistana sutilmente construiu um estereótipo desabonador do corinthiano: é o ladrão, favelado, sem modos, sujo e vagabundo.
E mesmo criminalizado o Corinthians sobreviveu, e se fortaleceu.
(...)
Aqui, no Brás, os fogos espoucaram durante toda a madrugada.
Subiam dos quintais de cortiços, das janelas de apartamentos minúsculos, de ruelas esquecidas e escuras, dos lugares onde o povo do Brasil ainda resiste, invisivelmente.
Ahhh… Quanto ódio, meu Corinthians, mas quanta amorosa resistência!
Parabéns pra você!"

Álcool e livro

Não use álcool. Use livro.

Receita para um domingo feliz

Junte uma cacheada e radiante garotinha com quase quatro anos a um papai babão e feliz. Separe a mãe, prenha: deixe-a dormindo. Unte a filha e o pai com protetor solar de cheiro gostoso e leve-os à praia, na linda Vitória, a uma temperatura de 27 graus. Salpique uns poucos brinquedos com os quais possam edificar fortalezas (para depois destruí-las, que é o mais legal). Um balde é imprescindível para o armazenamento de conchas especiais: rosas, listradas de preto e branco (corinthianas), rajadas de amarelo ou inacreditavelmente brancas. Aguarde cozinhar até levantar fervura. No momento em que a dupla estiver um tanto torrada, derrame uma latinha de cerveja sobre o grande e lambuze a pequena com um picolé de limão ou uva. Enquanto o pai sorve o líquido, tempere tudo com interlocuções desconexas com pessoas desconhecidas que estiverem por perto: crianças, cachorros ou mesmo adultos. Espere dourar mais. Quando verificar que a lindinha e o feioso já estão insuportavelmente melados, despeje água fria com gosto. Mais um pouco. Mais um pouquinho. Está pronto. Pode retirá-los do forno e levá-los de volta pra casa. Mas atenção, pra não perder a consistência, não se esqueça de levar um mimo para a mamãe barrigudinha: uma camisola com motivos infantis ou sorvete...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Shennon e Lotton

Se seu filho é absolutamente terrível, um caso notoriamente perdido, mantenha as esperanças: ele ainda pode se tornar um gênio do rock:

"Qualquer professor que não tivesse a crueldade de um sargento de tropa não podia esperar nenhuma misericórdia de Shennon e Lotton*. Uma tarde, quando Shennon e Lotton voltavam ao gabinete de Ernie para mais uma repreensão, encontraram o diretor ausente e seu vice, o pequeno e brando Ian Gallaway, fitando-os desde o outro lado da mesa magistral. Quando o sr. Gallaway se curvou para a frente a fim de espiar no livro de castigo, John se pôs a coçar suavemente os poucos fiapos de cabelo no crânio do vice-diretor. Achando que uma mosca pousara em sua cabeça, ele a coçou distraidamente, sem olhar para cima. 'John ria tanto que acabou mijando nas calças', Pete Shotton lembrou. Então Gallaway disse 'Que poça é esta no chão?' e John respondeu 'Acho que o telhado tem uma goteira, senhor'."

(John Lennon: A vida. Philip Norman)

*Quando John Lennon estudava na escola secundária Quarry Bank, ele tinha um amigo e parceiro para o "crime" chamado Pete Shotton. A simbiose entre os dois era tão intensa que a dupla passou a ser conhecida como "Shennon e Lotton".

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Estresse

O estresse é o maior câncer da sociedade atual e poderia ser evitado com um pensamento primário: foda-se.

Homem extraordinário

O homem comum conhece apenas um feixe das suas possibilidades. As suas habilidades mais especiais estão encobertas. O homem extraordinário é aquele que fez explodir os seus talentos.

Chama do homem

A chama do homem advém da sua disciplina.

Maior desafio dos pais

O maior desafio dos pais é impedir que nasçam carapaças sobre as essências luminosas dos seus filhos.

A maior chacina de todos os tempos

Eu estava contrariado com a derrota por 1 a 0 do meu aguerrido e técnico Timão frente a um deselegante e recuadíssimo Cruzeiro. Mas não era nada sério. Ora, no futebol se ganha e se perde. Aliás, foi um jogaço, que é o que importa.

O triste veio depois, já no Jornal da Globo, quando me disseram que um grupo de 72 imigrantes ilegais, incluindo quatro brasileiros (informação oficial não definitiva) e outros tantos hondurenhos, salvadorenhos e equatorianos, foram massacrados por um bando na fronteira do México com os EUA, quando tentavam chegar ao Texas. Apenas um equatoriano de 19 anos salvou-se, fingindo-se morto. A manchete: A maior chacina de todos os tempos (naquela região).

Vejam só o texto implícito. Alguns seres humanos, fracassados em suas pátrias, trafegam rastejantes pelas noites, dentro de esgotos ou enlatados em carrocerias, tentando entrar pelos fundos num país que, sabem, jamais os tratarão com respeito. Serão discriminados, sabem. E se submetem a isso arrastando suas esposas, seus filhos, quer dizer, tudo que lhes é mais caro. Parece humilhante, mas eles não têm mais dignidade. E muito pior: parece arriscado, pois sempre há chacinas por ali, mas eles não têm mais medo, pois já vivem um pesadelo.

Pois bem, esses animais humanos, tateando feixes de luz, são então encurralados como bichos indefesos por narcotraficantes mexicanos, animais animais, que os obrigam a trabalharem para eles, como capangas.

O desgraçado que sonha ser clandestino então pensa: Não, Deus. Eu estou aqui a cavucar esperanças nessa lama, e o senhor me manda criminosos que querem escravizar a minha família? Não, Deus. Eu vou preferir morrer. Acordar noutro lugar, qualquer outro lugar. E mesmo que não acorde...

Os delinqüentes, animais animais animais, então, não enxergando utilidade material naquelas pessoas, simplesmente as exterminam, como se elas não tivessem história, laços, sonhos; como se não tivessem nem pai nem mãe; como se não tivessem filhos!

E assim (muito, muito distante dos festivos templos do futebol, aos quais os pais levam seus filhos para uma noite de alegria) termina a desventura desses miseráveis.

Ah, se todos chorassem apenas pelos seus times...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Traços negativos

A guerra que travamos contra nossos traços negativos não pode ser vencida. Crer no contrário é um erro que, reiteradamente, nos leva à derrota. Contra esse terrível inimigo, vencemos apenas batalhas, numa peleja diária e eterna.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Teia da vida

Não há inteligência humana capaz de concatenar, de um modo lógico, todos os fatores que tecem a teia da vida. A vida não é uma coisa ou outra ou poucas coisas, como o bem e o mal, por exemplo; não, a vida é todas as coisas, ao mesmo tempo. Uma profusão. Não deveria o homem perder o seu tempo pensando nisso.

Roqueiros e Deus

Os roqueiros estão mais perto de Deus.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Beleza do mundo

Se, diante de tamanhos sofrimentos, tamanhas tragédias, você duvida que o mundo seja belo...

Se apesar disso você qualifica seus filhos como as coisas mais lindas, mais fascinantes, mais puras, mais maravilhosas, mais fundamentais do universo, que alguém jamais conseguiu pensar...

Eu lhe pergunto: porque razão acredita que seus filhos são as únicas dádivas em um planeta inteiro como a nossa Terra?

E ponho-lhe, finalmente, um desafio: consiga enxergar, no mundo, a beleza que você vê em seus filhos, porque ela é a mesma.

Fazendo assim, você estará salvando todos nós...

sábado, 5 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ser humano

Dentro da mega casca de estresse de cada ser humano, existe um ser, ultra humano, que se delicia a cada micro instante com todas as super macro fantásticas nuances da vida.

Calor

O ser humano passa seus dias em busca de calor.

Vícios

Aprecie seus vícios com moderação. Se não quiser ter que abandoná-los algum dia.

Fraquezas

Seja tolerante com suas fraquezas. É legal ser fraco. Todos somos. Isso nos faz verdadeiros. Autênticos. E, contraditoriamente, fortes.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Músicos

Há músicos que não tocam nenhum instrumento. Há instrumentistas que não são músicos. Ser músico é ser músical. Ter percepção para a música. Experimentar insights melódicos a todo instante. Enfim, ter uma especial inteligência nesse sentido. Já a execução mecânica de um instrumento, ainda que em incrível velocidade e perfeita técnica, não leva à conclusão imediata de se tratar de um músico.

Espírita

Eu queria ser mais espírita do que sou. Porque não deve haver nada mais loucamente entusiasmante do que, no fim da vida, prisioneiro em um corpo decadente, imaginar-se na iminência de, num futuro próximo, voltar a ser criança, num planeta ainda totalmente azul.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Rock

Rock não é literatura. Rock é idéia, energia. O sentido (involuntário) das mais chapantes músicas de rock transcende drasticamente ao das suas letras. Lida-se, de fato, com sentimentos que não podem ser traduzidos em palavras: ideais inexprimíveis de uma geração.